É verão, bom sinal: tempo de investir nas helicônias

18/02/2017

Essas parentes ornamentais das bananeiras são a perfeita tradução de um jardim tropical. Prestando atenção em alguns truques, seu cultivo não é complexo

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É como um vício que chega devagar e, quando o jardineiro se dá conta, já sequestrou completamente sua atenção. Falo das helicônias – plantas que se pode descrever como parentes das bananeiras. Elas não têm o atrativo de produzir frutos comestíveis, mas compensam isso dando um show de visual. Poucos tipos de plantas são capazes de traduzir de forma tão avassaladora o espírito tropical. E, se você deseja dar um colorido vibrante ao paisagismo, a hora é ideal: com esse calorão úmido do verão brasileiro, as helicônias estão florescendo em toda sua exuberância.

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Cultivar helicônias tem um lado bom e um ruim. Vamos primeiro ao ruim: a maioria delas necessita de solos profundos e ricos em matéria orgânica, além de alguma dose de umidade constante. Solos pobres e esturricados, enfim, não são a praia delas. Mas, uma vez que você aprenda a identificar aqueles cantinhos do jardim com microclima propício, o cultivo de helicônias não tem muito erro. Então esse é o lado bom: se cultivadas numa meia-sombra, com terra de fertilidade razoável, as helicônias revelam-se pau para toda obra. São plantas rústicas.

Aqui vai um pequeno guia para você se dar bem com as helicônias:

COMO ENCONTRAR

As helicônias formam um numeroso grupo de plantas típicas dos sub-bosques das florestas tropicais do continente americano. Boa parte delas, aliás, vem da Mata Atlântica e da Amazônia brasileiras. Como se trata de plantas valiosas para o colecionismo, os nerds da botânica expandiram o leque de espécies existentes em uma variedade quase infinita de cores, formas e portes. É possível achar helicônias já formadas para venda em grandes floras. Mas o mais comum, principalmente entre os aficionados, é adquirir rizomas das plantas pelo correio. Rizoma é, grosso modo, um pedaço da raiz da planta. ATENÇÃO: se você se aventurar na compra pela internet, verifique a idoneidade do vendedor.

COMO PLANTAR

Uma vez adquiridos os rizomas, basta plantá-los com a ponta superior do caule ligeiramente para fora do solo. É a hora de caprichar na matéria orgânica: misture bastante terra vegetal à cova. No começo, molhe os rizomas em profusão, até que eles soltem folhas ou brotos vigorosos nas proximidades – hábito típico das plantas de característica musoide, como as helicônias e bananeiras. ATENÇÃO: os rizomas podem resistir por um período notável fora da terra, mas podem falhar se perderem muito líquido. Minha dica para não correr riscos é plantá-los o quanto antes.

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COMO ESCOLHER O LUGAR

Aí está o grande segredo do sucesso com as helicônias. Primeiro, vale pesquisar o porte e a necessidade de luz. Há helicônias que se desenvolvem bem numa gradação que vai da sombra ao sol pleno, mas muitas outras que não toleram a insolação direta ou, por outro lado, não se desenvolvem sem luz direta. Na dúvida, vá de meia-sombra.

COMO EVITAR PROBLEMAS

Tendo sombra e água fresca, só há um inimigo capaz de ameaçar suas helicônias: o frio. Como sua origem é tropical, a larga maioria delas não tolera geadas, ainda que seus rizomas muitas vezes permaneçam no solo e rebrotem na primavera, mesmo quando o frio queima suas folhas. Um lugar bem abrigado, longe do vento gelado, ajuda demais na proteção.

Vale ficar ligado na pegadinha da Heliconia rostrata. Essa é a espécie de helicônia que se mostra mais rústica para as condições de estados como São Paulo, produzindo um efeito belíssimo no jardim, em especial ao longo de muros. Mas a H. rostrata oferece um problema: ela é uma planta espaçosa, que se torna não raro inconveniente por se multiplicar rápido e invadir lugares onde não é bem-vinda. Alastra-se inclusive por sementes. Resumindo: se você marcar bobeira, ela pode se tornar uma praga.

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Marthe, M. É verão, bom sinal: tempo de investir nas helicônias, Fevereiro de 2017. Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/jardineiro-casual/e-verao-bom-sinal-tempo-de-investir-nas-heliconias/. Acesso em 18/02/2017