Na coluna deste mês, a paisagista Caterina Poli fala sobre ser sustentável

Esse mês resolvi que não vou falar muito nem de casa e nem de jardim. Ou melhor, decidi falar das duas coisas ao mesmo tempo. Falar do que podemos fazer para tornar o planeta e a nossa casa mais verde.

Você alguma vez já plantou um tempero, uma fruta, uma flor? Não precisa ter sido uma árvore, não. Você recicla o seu lixo, reaproveita roupas, embalagens, sacos plásticos? Já pensou que pode começar tentando plantar algum alimento mesmo que seja em latinhas ou garrafas pet?

Esse mês visitei uma horta da qual já tinha ouvido falar e que me tocou muito, me fez questionar a respeito do meu papel não só como paisagista, mas, principalmente, como cidadã.Um shopping daqui de São Paulo recicla os restos de alimentos da sua praça de alimentação e os transforma em adubo orgânico, o que reduz em média cerca de 4 toneladas de lixo por dia. Toneladas essas, que seriam descartadas e direcionadas para um aterro sanitário.

Esse material recolhido vai para a laje de cobertura do shopping, onde, em caixas recicladas, são cultivadas várias espécies de hortaliças e legumes. O visual é incrível e tem também um cantinho bem charmoso com chás, ervas e temperos. Vocês conseguem imaginar isso? Em plena metrópole, em cima de um shopping, tem uma horta orgânica enorme!

A melhor parte disso é que os funcionários do shopping podem subir e colher itens da horta para consumo próprio, de graça. Isso fez com que alguns deles começassem a consumir mais vegetais do que o habitual, mudando o comportamento e a alimentação para uma vida mais saudável.

Outra vantagem incrível é que a horta funciona como um teto verde para o edifício, reduzindo até 5°C do calor interno e causando também uma boa economia no consumo de energia com ar condicionado.

Confesso que fiquei bastante impressionada e lembrei de uma cliente querida, que é bem ativa e administradora de um grupo no Facebook, o “Hortelões Urbanos”, onde reúne várias pessoas que plantam e mantem hortas comunitárias pela cidade. Isso também faz diferença na vida de muita gente que participa e tudo começou com os canteiros da laje da casa dela. Fizemos o projeto do jardim dela, mas a parte de cima ficou exclusiva para a horta, que é o seu xodó.

Aqui em casa também tem uma pequena horta de temperos na laje, que mudou bastante a qualidade da nossa alimentação. Para vocês terem noção, nunca mais usamos temperos industrializados e diminuímos muito o consumo de sódio e conservantes.

O pessoal do escritório pode levar os temperos e no inverno tem chá de capim-cidreira natural, que faz aquele carinho na alma.

Fiquei pensando, e acho que se cada um de nós fizer um pouquinho, mesmo que em pequena escala, podemos melhorar não só o nosso mundo e a nossa qualidade de vida, mas também de quem está ao nosso redor.