Paisagismo: o passo a passo de um jardim repleto de palmeiras, guaimbês e dracenas
Iniciar um projeto em um lote sem uma única árvore plantada. Assim começa essa história, que teve outros desdobramentos. Tudo encabeçado pelo paisagista Roberto Riscala
FACHADA | O projeto de arquitetura assinado por Roberto de Pietro, da DePietro Arquitetura, privilegia os panos de vidro, o que facilita a integração com o verde. Em primeiro plano, a alamanda faz um desenho lindo que lembra uma onda, rente à borda infinita da piscina (Foto Gui Morelli / Divulgação)
Imagine um terreno de 6 mil m² completamente vazio. Se já é difícil idealizar essa amplitude, pense só na dificuldade de projetar um jardim sobre essa “tela em branco”. Acostumado a desenvolver jardins em metragens generosas, o paisagista Roberto Riscala encontrou soluções para cada recanto dos dois lotes que compreendem a casa no condomínio Quinta da Baronesa, interior de SP.
A verdade é que, quando foi contratado, a casa só estava no papel. O projeto de autoria de Roberto de Pietro, da DePietro Arquitetura, valorizava a integração com o verde: “A construção seria moderna, um cubo de vidro protegido por brises”, diz Roberto Riscala.
A partir dessa orientação e do desafio de projetar toda a área externa – e não só elencar plantas – deu-se início ao que é chamado de arquitetura externa, como o próprio paisagista explica: “Cuidei dos acessos, dos caminhos e do pergolado. Todo o paisagismo foi pensado ao mesmo tempo”. O resultado desse trabalho coeso é o que dá a naturalidade do visual. Para cada revés, surge uma solução. Por estar localizada em um condomínio fechado, a casa não teria muros.
Assim, veio a ideia de utilizar cercas vivas para dar mais privacidade aos moradores. Como o terreno não tinha um único exemplar plantado, Roberto Riscala apostou na compra de plantas adultas para evidenciar o visual de um jardim mais maduro. A solução, no entanto, exigiu um exercício extra de cálculo: “Precisei usar grandes caminhões e guindastes para essa movimentação”, revela. Assim, o terreno em declive foi delineado em três patamares: área da casa, da piscina e do pergolado. E, apesar das grandes proporções, não falta aconchego no jardim. Pelo contrário, a cada passo, notam-se elementos que convidam à exploração.
ENTRADA DE CARROS | Palmeiras-imperiais ladeiam o caminho de paralelepípedos. As espécies foram plantadas já nesta altura. O maciço de jasmim-amarelo esconde a rampa de acesso à casa. Ainda pontuam a área capim-azul e gardênias podadas. Em primeiro plano, canteiro com guaimbês (Foto Gui Morelli / Divulgação)
LATERAL | Apesar do gramadão, o jardim tem diferentes volumes com palmeiras-imperiais, guaimbês, dracenas-arbóreas, gardênias podadas em bola, moreias e sibipirunas mais ao fundo. No centro, escultura de Gustavo Rosa (Foto Gui Morelli / Divulgação)
DECLIVE | Aqui dá para entender bem como é a queda de 6 m do terreno. Enquanto a solução arquitetônica foi a empena gigante (parede sem janela), a de paisagismo foi a inclusão de bambus-mossô em linha, com forração de moreias que avançam até a passarela. Em primeiro plano, íris, capim-azul e gardênia (Foto Gui Morelli / Divulgação)
PASSARELA | A área em talude, bastante sombreada, recebeu um tapete de grama-amendoim, pontuado por palmeiras-fênix, cicas, fórmios, moreias e pacovás (Foto Gui Morelli / Divulgação)
PASSAGEM | A escada liga a área social à de lazer. As duas sibipirunas foram inseridas já nesta altura e servem para disfarçar o acesso (Foto Gui Morelli / Divulgação)
PAISAGEM VERDE | Grama-esmeralda compõe o gramado, marcado por pisadas de fulget branco (Foto: Gui Morelli / Divulgação)
PERGOLADO | De tijolo inglês e madeira cumaru, tem piso de pedriscos. Na cobertura, trepadeiras primavera e sete-léguas. Duas sibipirunas “furam” a estrutura e trazem sombra ao espaço. Móveis da Dedon (Foto Gui Morelli / Divulgação)